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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Quanto vale um SIM.

Eu devia ler esse texto todo dia, para ver se aprendo a lidar com rejeição.
Sempre a Martha Medeiros.


"Você consegue um bom emprego na hora que bem entender? Você descola um
amor do dia pra noite? Entra num banco e sai de lá com um empréstimo
sem burocracia? Se você respondeu sim a todas essas perguntas,
parabéns... e fique atento para o horário de partida do seu disco
voador, pois a qualquer momento você terá que voltar para o seu
planeta!

Entre nós, terrestres, o sim é uma resposta rara. Na maioria das
vezes, não há vagas, não querem editar nossos poemas, não temos
fiador, a garota não quer ouvir os discos na sua casa, o garoto não
quer usar camisinha e o guarda de trânsito não foi com a sua cara e
vai multa-lo, sim senhor. Não está fácil pra ninguém.
Ao contrário do que possa parecer, esta não é uma visão pessimista da
vida. As coisas são assim, dão certo e dão errado. Pessimismo é
acreditar que um "não" seja uma barreira para realizar nossos planos.
Tem gente que fica paralisado diante de um não, nunca mais vai à luta.
Já o otimista resmunga um pouco e, em seguida, respira fundo e segue
em frente.

Quando eu tinha uns dezessete anos, mandei meus versos para um
concurso de poesia. Não ganhei nem menção honrosa. Daí entreguei meus
versos para o Mário Quintana avaliar. Ele não respondeu.
Neste meio tempo, eu estava apaixonada por um cara e ignorava minha
existência. Quando eu não estava pensando nele, fazia planos de morar
sozinha, mas o meu estágio não era remunerado.
Aí quis viajar para a Europa, mas não conseguira entrar num programa
de intercâmbio. Surpreendentemente, não passou pela cabeça a idéia de
me atirar embaixo de um caminhão.

Hoje tenho nove livros publicados, cinco deles de poesia, sou casada
com o homem que amo, tenho a profissão dos sonhos e viajo uma vez por
ano, e tudo isso sem ganhar na megasena, sem cirurgia plástica, sem
pistolão o pacto com o demônio. O segredo: cada "não" que eu recebi na
vida entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Não os colecionei, não
foram sobrevalorizados; esperei sem pressa a hora do "sim". O "não" é
tão freqüente que chega a ser banal. O não é inútil, serve só pra
fragilisar nossa auto-estima. Já o sim é transformador. O sim muda sua
vida. "Sim", aceito casar com você; "sim", você foi selecionado;
"sim", vamos patrocinar sua peça; "sim", Ana Paula Arósio deu o número
do celular dela.
Quando não há o que detenha você, as coisas começam a acontecer sim."

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