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quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A-COR-DA!

Qualquer dia a gente acorda e vê que já não se tem mais vinte anos, não se tem mais o resto da vida para despertar. A gente acorda e descobre que não há mais tempo pra ser somente adolescente, pra viver de brisa e ilusões.

A gente acorda e, num susto, descobre que esperança sem atitude não é otimismo, e sim burrice. Que "inércia" não existe, pois o tempo está sempre correndo pra frente e se ficarmos parados estamos, no mínimo, andando para trás.

A gente levanta da cama e descobre que não há mais graça em usar aquela camisa escrita "Foda-se o mundo", pois na verdade, continuamos a ligar para o que os outros pensam. E não pode ser diferente.

A gente acorda e nossos ouvidos não estão mais moucos pros que os outros nos dizem. Começamos a ouvir mais, falar menos. E paramos de achar que conselho é coisa de gente velha, coisa de vó.

A gente acorda e descobre que a opinião de uma pessoa pode estar errada, e a nossa, certa. Que se duas pessoas têm a mesma opinião sobre um assunto, elas também podem estar erradas, e nós, certas. Mas que se três pessoas estão pensando da mesma forma, provavelmente nós é que estamos erradas.

A gente acorda e vê que já não ficamos tão engraçadas de maria chiquinha, mas quase beirando o ridículo. Aliás, a gente começa a ver que existe uma linha tênue, quase imaginária, que distingue ser engraçada e ser a piada.

Um dia a gente acorda e vê que passamos a vida inteira tentando agradar a todo custo, tentando comprar carinho, espernear por atenção. E descobre que tudo isso só nos torna mais chatas, inseguras. A gente descobre que só vale a pena estar do lado de quem nos quer por perto também.

A gente acorda e descobre que não estamos mais no maternal, tentando chamar a atenção da tia, dando maçãs e carregando livros da pró. A gente descobre que não tem graça nada que conseguimos com bajulação ou dissimulação, pois essas coisas pertencem a um "falso eu", não a nosso eu verdadeiro.


Um dia a gente cai da cama com o tempo puxando-nos pelos cabelos, dando borrifadas de água na cara, o vento gritando que devemos seguir o curso natural da vida: Crescer.

Um dia a gente acorda. Acorda mesmo??

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