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sexta-feira, 1 de junho de 2007

Será que estou na chamada em espera?

Sabe quando o celular da gente fica dias sem tocar, chega a gente fica com raiva de não precisa carregar a bateria do infeliz?

O meu anda assim. Mal recebe uma mensagem da Claro. Daí, hoje, quando estou dirigindo, ele toca. Minha mãe. Só podia, é a única que me liga.

Oi mãe. Tudo, tô indo pra casa. Tu-tu. Meu dia foi normal, e o seu? Tu-tu. Mãe, tem uma ligação em espera. A gente se fala. Alou? Oi Chefa! Ah, o dia foi bem, não tocamos fogo em nada enquanto esteve fora. Tu-tu. Ah, que bom saber que os resultados do mês passado foram muito bons. Tu-tu. Ah, obrigada, eu fiz o que pude. Tu-tu. Chefa, vou ter que desligar, tem uma chamada em espera aqui. Alouuu? (...)

A voz do outro lado me pega de surpresa. Era ele. Queria poder parar o carro, silenciar buzinas, parar o mundo somente pra ouvir. Mas ele falava e era como se tivesse outra chamada na segunda linha, e eu pudesse ouvir a voz do padre na semana passada, dizendo pra não ser pedra de tropeço na vida de alguém. Eu me senti perdida. Pensei que não fôssemos nos falar mais assim, que apenas nos encontraríamos em reuniões de trabalho. E de repente, ele estava ali, querendo saber de mim, contando a vida dele, da mesma forma de antes, me fazendo rir, gargalhando das besteiras que falo... faço uma piada, duas, três. Ele ri, e é música pros meus ouvidos. De repente meu pedido parece que é atendido, o mundo pára e ele diz "Estou com saudade de tu" e eu respondo: "Eu também."

E depois que desligamos eu fico encarando o telefone, como se ele pudesse tirar suas próprias conclusões. Mas ele não me diz nada, só vai apagando as luzinhas bem devagar, como quem diz:

"Esquece."

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