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sábado, 16 de junho de 2007

Vontade de ir mais além

Eu ando me dando muito bem com as noites de sexta, sábado e domingo. Antigamente, era um suplício ficar em casa nesses dias, enquanto o resto do mundo sai para beber, beijar na boca e ser feliz. Só que ontem, resolvi tomar uma cervejinha, comer umas azeitonas... e a porra do fogo subiu! Eu queria sair, beijar na boca, ligar, dizer bobagens, fazer loucuras, pegar o barco e ir praquela praia que ele queria me levar, dormir na areia... enfim, me libertar.

Eu estava lendo a entrevista da Preta Gil, pessoinha que acho intragável e de repente, me vi a admirando. Porra, a mulher só quer ser feliz, tá cagando pros outros. Porra de moral e bons costumes o cacete, a gente não tá no mundo a passeio, a gente tem que viver a vida antes que ela acabe. E ninguém sabe quando ela acaba.

Lembrei de um fim de semana em que me dei esse luxo, de ser feliz, pura e simplesmente. E acho que foi tão contagiante, que essa filosofia de ser feliz a todo custo levou mais duas a jogar pro alto tanto pudor.

Começou numa festa. Uma festa bem esperada, diga-se de passagem, pois já tinha a fama de ter muito homem bonito. Aliás, mais que bonitos, a maioria era carioca. E homem carioca é tudo de bom e mais um pouco. É meu ponto fraco, minha perdição.

Pois bem, fomos para a tal festa num sábado à noite. Realmente, a casa estava cheia (eles eram marinheiros, dezenas deles!), e, sem nenhuma modéstia, nós éramos as mais gatas. Quando eu digo sem nenhuma modéstia, é verdade. As mulheres eram derrubadíssimas. E em terra de cego, quem tem olho é rei.

Apesar disso, nada na festa mexeu muito comigo. Só um gatinho lá, o Sampa (mas era carioca tb), mas que parecia que não ia ficar com ninguém, numa timidez incrível. Fomos embora, eu já estava caindo de sono. E no outro dia, teria um churrasco no mesmo lugar. A gente estava pensando se iria ou não. E decidimos ir, pelo Sampa. Eu e minhas amigas até apostamos que quem chegasse primeiro ficava com ele. Saímos desfreiadas pela orla de Salvador, buzinando, ultrapassando. Enfim, loucas. Hehehehe.

Bom, quando chegamos lá, combinamos de não entrar sem avaliar antes. Se tivesse tanta mulher quanto na noite anterior, no mesmo nível, nós não entraríamos. Acontece que, ao passar pela porta, eu vejo, numa sunga verde, o meu padrão ideal de homem, meu número total, meu objeto de consumo. E, babando, entramos.

Apesar de todas estarem babando pela criatura, cada uma seguiu seu rumo, arranjou seu paquerinha e talz. Até por que o tudibão, mais conhecido como VP, tava acompanhado, no maior amasso dentro da piscina. Eu mesmo resolvi partir pra outra, quer dizer, pra outro: O Sampa. E quando ele estava indo embora, a gente acabou ficando. Ele perguntou o que eu iria fazer na próxima noite, numa segunda feira, pois eles iriam embora na terça. Eu indiquei um barzinho famosinho que só funciona nas segundas. E ele foi embora.

Quando eu voltei pra minhas amigas, já peguei o trem andando. Uma das minhas amigas, que já estava meio altinha, acabou investindo pesado em VP, e a menina que estava com ele viu. Apesar da situação, não houve o barraco que eu pensei que haveria. Na verdade, eu só consegui entender a história quando ele, o VP, veio até mim dizer que não importava mais o que tava rolando, pois desde o início da festa ele só tinha olhos pra mim.

Gente, guardem as pedrinhas no bolso, não atirem agora senão eu não conto o resto da história.
Eu beijei o cidadão sim, não antes sem me perguntar se era certo, se era errado. Eu tive o maior dilema sim. Só que foi tudo tão rápido, ele era tão lindo que deixei acontecer. E decidi ir embora da festa antes que desse merda.

Qaundo estou no meu carro, aparece a figura, segurando uma mochila, dizendo que iria comigo. Como assim, comigo, cara pálida? Você vai voltar pra lá e ficar com minha amiga! A mochila já estava no banco da frente, ele já estava com uma perninha dentro do carro, quando surge a menina que estava no inicio com ele, dizendo que a amiga estava passando mal e precisava de alguém que levasse ela pra casa com urgência.

Sobrou pra mim. Arrastei o carro com a mochila dele dentro, e dei carona a uma mulher que queria me matar e mais outra que queria vomitar no meu carro. Ah, e à minha amiga, que nem sabia que eu tinha beijado o mesmo cara que ela. Situação fácil pra mim.

Bom, quando eu fui deixar a amiga da mulher em casa, ela pediu pra esperar, pois ela queria voltar pra festa com a gente de novo. Como se fosse minha BF. Enquanto isso, meu telefone já tocava e era o VP, que não sei nem como conseguiu o número e pedia pra voltar, pois ele queria ficar comigo. Eu procurei uma nave pra me abduzir daquele local, mas a única solução que achei foi tacar a bolsa que a infeliz tinha largado dentro do meu carro na calçada e arrastar o carro, só com minha amiga, devolvê-la pro VP e ir dormir.

Mas não foi bem assim que aconteceu. Ele preferiu ir pra casa também, ficou o maior clima e eu também fui pra casa, achando que era o melhor que podia fazer. Acontece que o diabo atenta, e o único pensamento que tive foi: se ele não vai ficar com ela, se eu já beijei, já tô no inferno, devia abraçar o capeta! Mas já era tarde demais, já estava em casa, e aquele homem maravilhoso ficaria só na lembrança.

Na segunda, chamei outra amiga, a Silvia, pra ir no tal barzinho da segunda feira. Contei a história pra ela, tomamos uma cerveja e eu fiquei lá, querendo cortar os pulsos por não ter mais como ver o VP. De repente, enquanto falo, ela me diz: "Miga, tem um cara te encarando." Macacos me mordam, Popaye!! Se não era o meu marinheiro!!! E quem é que tá ali do lado dele, hein?? Hum... o Sampa. Os amigos que eram sócios.

Bom, como boa amiga que sou, deixei logo ele pra Silvia. E ela fez esse enorme sacrifício, de ficar com ele pra que eu pudesse ficar com aquele diabinho lindo e maravilhoso do VP. Nesse instante, chega uma outra amiga, a Kika, atrás do paquerinha dela da noite passada, o Marcos, e aquela rua já estava parecendo carnaval. Estava lotada, só tinha gente bonita, acho que a tripulação dos 8 navios estavam lá. Era uma coisa linda de Deus.

Algum tempo depois, quando eu já estava dando uns beijos no meu carioca, Kika aparece e me diz que vai levar o Marcos pra outro lugar. Entendo a mensagem instantaneamente, me despeço e ela sai com ele. Enquanto isso, VP só pedia para eu levar ele pra minha casa. Claro, minha mãe vai adorar te receber. Idos tempos em que eu morava com mãe. Depois de muito pensar, depois de muito PARAR de pensar, cheguei à conclusão de que nunca mais veria aquele Deus Grego, e que não perderia por nada nesse mundo a chance de ficar com aquela maravilha toda pra mim:

- Silvia, a gente tá indo embora também.
- Ué... então eu também vou com vocês.
- Não... você vai não, fiquem aí.
- Não, a gente quer ir. (E o Sampa balançando que queria ir também.) Pra onde vocês vão?
- Vamos encontrar a Kika, no barzinho que ela tá com o Vini.
- Ahhhhh, então a gente vai também. E Sampa prontamente entrou no meu carro.

Puxo Silvia de lado.
- Eu vou pra casa de minha tia Mo e meu tio Téo.
- Hein?
- Mó e Téo.
- Mentiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiira!! Você?????? Tá louca?
- Amiga, eu quero fazer essa loucura, eu nunca fiz isso na vida, eu quero, eu quero, eu quero.
- Sério?????
- Hum -rum!! Ele é tudibão.
- Tá bom. Também vou.
- Quêêê???
- A gente vai ué, fica em outro quarto.
- Então tá bom, entra no carro.

Não sei quem foi pior. Eu, que saí dirigindo meu carro com o VP, na maior cara de pau, como se fizesse isso tantas e tantas outras vezes, ou Silvia, que entrou quieta no carro e não avisou pro Sampa onde ele estava sendo levado. Enquanto eu dirigia, coloquei um Cd de Renato Fechini, em que ele explicava como usar o "Porra" na Bahia.
Chegando lá no "barzinho", VP mostrou que era um baiano nato:
- Moço. Me dá a porra da chave de dois quartos, porra. Obrigado, porra!

Quando olho pro retrovisor, Sampa parecia em crise existencial. Acho que ele pensou que ia ser uma suruba. Mas eu sou menina de família, apenas levo cariocas direto pro motel, basiquete.
Antes que ele se assanhe, Silvia desce com ele. E eu sigo, pra noite mais maravilhosa que tive em toda a minha vida.

Coisas que descobri depois:
- Kika também estava lá. Amigas unidas permanecem unidas.
- Silvia jura que não rolou nada com Sampa. Coisa que até hoje ninguém entende muito bem. Não sei se ela quer sair de pura na história ou se o cara broxou. Eu só sei que ela até hoje é encantadinha pelo cara, coisa que eu tambpem não entendo. Se não come, pra que veio?
- Marinheiro faz feliz.
- Toda vez que eu ouço aquele forrózinho que diz "Xoxó tá tão bonita, aniversariouuu", eu lembro do VP. Coisa linda de Deus.
- Que é melhor a gente se arrepender do que fez, do que não fez. E eu não me arrependo de nada.
- Que a vida é feita de pequenos momentos e das histórias que temos pra contar.

Foi uma noite em que me dei o direito de viver do jeito que eu quiser. Passou. E valeu.

Não sou melhor nem pior por causa daquela noite. Mas sou mais eu.

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